segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Caminho das pedras

Depois dos milhares de comentários aqui, das mensagens em minha página de discussão na Wikipédia e no Wikilivros, e-mails e até gente a procurar-me no mIRC - sim, a turba é insaciável -, relatando histórias de descrença no futuro venho aqui a responder a grande pergunta: como salvar a Wikipédia lusófona? Isto é, que se pode fazer para mudar o quadro apresentado no texto anterior? As respostas podem não ser as melhores e certamente não são as únicas, são apenas as minhas respostas:

Como podemos criar uma comunidade na Wikipédia lusófona? Desconfio até da minha sombra ali...

Como alguns devem saber, há muitas definições para comunidade. Pode ser a de todos os editores ou a dos mais costumeiros. É desta que estou falando aqui. Não há outra maneira de fundar uma comunidade a não ser sobre a confiança mútua. Essa comunidade deve ter usuários experientes no projeto, mas receber abertamente os novatos. Os novatos são o combustível de um projeto como a Wikipédia. Não há outra maneira de saber em quem confiar a não ser convivendo com as pessoas e falta isso na Wikipédia lusófona, apesar de haver muitas discussões.
Que foco dar para o projeto?
Quando existir uma comunidade propriamente dita, esta decidirá por si própria. Por observações minhas em relação a outros projetos, o foco da Fundação Wikimedia já deixou à muito tempo de ser a quantidade e passou a ser a qualidade. Quando vejo uma Enciclopédia Verbo - melhor enciclopédia em língua portuguesa que conheço -, penso que a Wikipédia deveria, e teria tudo para, ser melhor que ela, mas obviamente não é. A verdade é que os editores da Wikipédia lusófona estão satisfeitos com o que têm [que é ridiculamente pouco...]. Quando e se um dia houver uma comunidade decidida a assumir o projeto como seu, esta pode ser uma das metas. Outras podem ser a associação com empresas para publicação, distribuição em DVD, as possibilidades são muitas.
Essa veio por e-mail: Edito diariamente a Wikipédia lusófona do momento em que acordo até o momento em que vou dormir. Mais da metade das edições totais do projeto por dia são minhas. É impossível me comprometer mais com o projeto...
Em primeiro lugar, arrume outra coisa para fazer. Passar tanto tempo em frente ao computador não pode ser saudável. Em segundo, é sim possível. O número de contribuições de uma pessoa não indica necessariamente compromisso com o projeto. Alguém pode muito bem editar tanto por não ter outra coisa para fazer como por achar relaxante, mas não por ter um compromisso com qualquer coisa. Pode ser também que editando tanto acabes prejudicando o projeto tratando-o como teu. Compromissar-se é querer que o projeto alcance suas máximas possibilidades e os verbetes são a parte mais fácil nesse caminho.
Uma vez fulano críticou, disse que os verbetes escritos por mim eram ruins e disse que eu poderia melhorar se me esforçasse mais. Eu não aceito isso. Passei a criticar ele e o mínimo que xinguei foi a mãe. Mostrei a ele que tenho razão e que mando.

Só porque alguém diz que teu trabalho está ruim não significa que te ache feio, sujo e mal vestido - ainda nestes termos, assuma a boa fé e tenha calma. Como isto é uma Wiki, podes aceitar a crítica e tentar melhorar - ora essa, quem morrerá por dizer "Errei sim, mas me corrijo"? Podes também dar a boa e velha resposta sem futuro "Isto é uma Wiki. Achou ruim, corrija". Ou podes ainda fazer a mais infrutífera de todas as coisas, responder na mesma moeda. Mas, devo avisar, com estas duas últimas atitudes ninguém ganha nada. Nem a Wikipédia, pois enquanto vais competir para ver quem tem mais razão ou é melhor, o verbete fica sem ser melhorado. E que diferença faz quem tem razão?
Realmente ninguém me ensinou boas maneiras e daí? Tens algum problema com isso?

Cof, cof... Não nenhum. Talvez eu deva mesmo dar início a um Wikilivro ou a algumas páginas de ajuda por aqui... Agora a sério, é claro que sim! Não percebes que este é um meio escrito e que não é sequer possível ver o rosto ou ouvir o tom da voz de quem está do outro lado?! Não se enviam mensagens assim sem preocupação. É preciso pensar sempre no leitor. Esse tipo de coisa requer muito cuidado e muita sutileza. Mas ainda que não tenhas nenhuma dessas características, não desista. O melhor caminho é deixar as ironias de lado, que não levam a lugar algum, e ter sempre humildade para dizer: "Não foi o que quis dizer".
Por enquanto as dúvidas mais relevantes foram essas. Caso tenhas ainda alguma, podes enviá-la para os funcionários do OTRS que responder-te-ão com o maior gosto ou achar-me pelos meios comuns acima citados. Prometo um texto curto - talvez até com imagem para o pessoal do Fair Use ficar feliz - para os que não têm tempo na próxima vez.

2 comentários:

  1. 1 - A comunidade de uma prisão pode matar-se entre si, mas forma uma comunidade, logo, até estamos em perfeita harmonia.

    2 - Vandalizar artigos, caso contrário o que fazer a tanto artigo?!

    3 - Isso tudo?! És é maluco!

    4 - Parabéns, admiro-te.

    5 - Não, desculpa perguntar.

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  2. São boas respostas também Epinheiro. Concisas, porém diretas.

    Quanto a comunidade de uma prisão, não acho que em uma prisão exista comunidade. Comunidade para mim é entendimento quanto a um (ou vários) objetivo(s), sabes? Todos quererem uma coisa, mesmo que os caminhos sejam diferentes.

    Nesse sentido, os presidiários só formariam uma comunidade se decidissem, por exemplo, fugir. Nesse breve momento eles formariam uma comunidade. No restante do tempo, não sei, talvez uma Wikipédia...?

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