sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O analfabetismo e a Wikimedia Foundation

No dia 18 de setembro, foi divulgada uma pesquisa nacional, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Segundo ela, a porcentagem da população que é analfabeta no Brasil ainda chega a 10% da população, o que dá incríveis 14 milhões pessoas totalmente analfabetas.

O número é assustador sim, mas não tanto quanto o de analfabetos funcionais, isto é, pessoas com mais de 15 anos e menos de 4 anos de escolaridade. Esses chegam a 21,6% da população em média e em algumas regiões a 30%. Façam-se os cálculos.

Para nos consolarmos, divulgou-se junto com a pesquisa que na última década (desde 1997) o número caiu de 15,9 milhões para os atuais 14 milhões. Ou seja, uma redução de 1 milhão em 10 anos! Por cima, isso daria o número absurdo de 73 anos para acabar com o analfabetismo... É consolo o suficiente?

E agora eu me pergunto: que pode a Wikimedia Foundation contra 14 milhões de analfabetos?

Não é inteiramente verdade que para ter acesso a "todo o conhecimento do mundo" só é preciso um computador ligado à internet. É preciso também saber ler.

É claro que a culpa não é da Wikimedia Foundation, mas do Estado brasileiro, da sociedade brasileira que, incapaz de resolver a questão nos últimos 186 anos, aparentemente resolveu jogar a responsabilidade para a "iniciativa privada". Mas como podemos ajudar com os nossos projetos?

Um comentário:

  1. Quem sabe algo no estilo de video aulas?

    Mas fora a dificuldade de se produzirem os videos, há outras questões relacionadas...

    É preciso chegar até os videos para poder assisti-los, mas uma vez que para se chegar a algum conteúdo na internet passamos necessariamente por algumas página com texto (passamos?), então este seria um primeiro obstáculo para quem não lê.

    Outra coisa que me ocorreu, lembrando de uma pergunta que surgiu no debate sobre os direitos autorais e educação, é que para os que nascem sem poder ouvir/falar, uma linguagem de sinais é sua "língua nativa", então mesmo podendo ver, é preciso aprender uma segunda língua para "ler" (seja o português ou qualquer outra). Novamente os videos seriam coisas interessantes, desta vez, com interpretações em libras (ou outras línguas de sinais).

    Mas e a filosofia "wiki", como ficaria no caso de videos? Quanto tempo levaria para se desenvolverem as ferramentas necessárias para a edição de videos ser comunitárias?

    Se eu lembrar de outros pontos eu volto a comentar... Até mais

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